Titulo do livro: A anatomia de um luto
Autor: C.S. Lewis
Paginas: 84
Tamanho: 845 KB
Quando A anatomia de um luto foi publicado pela primeira vez, sob o pseudônimo de N. W. Clerk, ganhei um exemplar de um amigo, e eu o li com grande interesse e considerável distância. Eu tinha lá meu casamento, três filhos pequenos e, embora sentisse grande empatia por C. S. Lewis em seu luto pela morte da esposa, naquela época isso estava tão longe de minha experiência que não me comovi profundamente.
Muitos anos mais tarde, após a morte de meu marido, outro amigo me enviou A anatomia de um luto, e eu o li, esperando um envolvimento maior do que havia ocorrido quando o li pela primeira vez. Partes do livro me tocaram fortemente, mas, no geral, minha experiência de luto e a de Lewis foram muito diferentes. Por um lado, quando C. S. Lewis se casou com Joy Davidman, ela estava no hospital. Ele sabia estar se casando com uma mulher que morria de câncer. E, embora tenha havido a inesperada remissão, e alguns bons anos de alívio, a experiência de casamento dele foi apenas uma amostra, em comparação com meu casamento de quarenta anos. Ele havia sido convidado para a grande festa de casamento, e o banquete lhe fora rudemente roubado mal tinha ele provado os hors d’oeuvres.1
Para Lewis, essa privação repentina causou uma breve perda de fé. “Onde está Deus? […] Vá até ele no auge de sua necessidade, quando todas as outras ajudas são em vão, e o que você encontra? Uma porta batida na sua cara.”
A morte de um cônjuge após um casamento longo e gratificante é algo bem diferente. Talvez eu nunca tenha sentido mais intimamente a força da presença de Deus do que durante os meses em que meu marido esteve
moribundo e depois de sua morte. Essa presença não eliminou a dor. A morte de uma pessoa amada é uma amputação. Mas quando duas pessoas se casam, cada uma tem de aceitar que uma morrerá antes da outra. Quando C. S. Lewis se casou com Joy Davidman, era quase certo que ela morreria primeiro,2 a menos que um acidente inesperado ocorresse. Ele se casou com uma iminente expectativa de morte, num testemunho extraordinário de amor, coragem e sacrifício pessoal. É de se considerar que uma morte que ocorre após um casamento pleno e uma extensão de vida razoável faça parte do maravilhoso assunto de nascer, amar, viver e morrer.
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