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Pedagogia e Didáctica, Conceitos Universalmente aceite I Só Ciência da Educação

Na Grécia antiga, a didascaléia era a escola de instrução. Didasco pode ser entendido como ensinar, instruir. A didáxis era a lição. No advento dos tempos modernos, quando o pastor Jan Amos Comenius (1592-1641) escreve a Didactica Magna (1630), o termo didática ganha um sentido mais formal, que permanece nos anos subseqüentes. Tal acepção está expressa no subtítulo do livro de Comenius, "Tratado da arte universal de ensinar tudo a todos". A idéia, sem dúvida iluminista, de que é possível ensinar tudo a todos, talvez não tenha feito tanta história quanto a de que a didática é como uma arte, ou seja, algo que oscila entre uma disposição genial do mestre e um conjunto de regras e técnicas de ensino. Sob essa segunda acepção é que ela se tornou um campo de atuação no interior da pedagogia.


Assim, a pedagogia, tomada como utopia educacional, ciência ou filosofia da educação, diz respeito, em geral, à teoria da educação, enquanto a didática diz respeito aos procedimentos que visam fazer a educação acontecer segundo os princípios extraídos da teoria. Grosso modo, podemos dizer que à Pedagogia Tradicional e à Pedagogia Nova correspondem uma didática tradicional e uma didática nova. Boa parte dos manuais, no século XX, apresentam tais didáticas batizando-as como herdeiras, respectivamente, das pedagogias de Herbart e de Dewey.


O processo de ensino a aula —, derivado de uma didática herbartiana, seguiria cinco passos: preparação, apresentação, associação, generalização e aplicação. A aula começa, então, com o professor recordando o assunto da aula anterior (preparação). O assunto antes exposto deve encaminhar para a
necessidade de novos estudos, o que convoca a nova lição (apresentação). Baseando-se em analogia, o professor recorre aos procedimentos utilizados na resolução dos problemas da lição anterior para solucionar os novos problemas (associação). Em seguida, mostra como as regras recémaprendidas podem servir para diversos casos (generalização). Por fim, coloca 
os alunos no trabalho de resolução de problemas semelhantes ao da aula dada (aplicação), inclusive com o objetivo de verificar o conhecimento aprendido.


O processo de aprendizagem derivado de uma didática deweyana cumpriria, por analogia ao descrito acima, cinco passos: atividade, problema, coleta de dados, hipótese e experimentação. O processo se inicia com o professor propondo trabalhos de diversas ordens (atividade). As curiosidades e questões oriundas desses trabalhos são recolhidas pelo professor, que as coloca na forma de problemas teóricos (problema). Para resolver tais problemas, estudantes e professor devem recorrer à pesquisa (coleta de
dados), procurando informações nas bibliotecas e outros meios disponíveis. Assim, estudantes e professor podem conjecturar soluções para o problema (hipótese). Por fim, se for o caso, cabe experimentar as hipóteses selecionadas (experimentação).




A didática herbartiana centra-se no professor. Ele domina o saber e deve transmiti-lo. A didática deweyana centra-se no estudante. Estes devem participar ativamente da formulação dos problemas e da sua solução. No primeiro procedimento, privilegia-se o resultado da aprendizagem enquanto apreensão de conhecimentos estabelecidos. No segundo, o próprio processo — de certo modo um esquema do método científico-experimental — faz parte do que deve ser assimilado pelos estudantes. O primeiro procedimento é reconhecido como organizador da "aula tradicional"; o segundo, o envolvido no mote da Pedagogia Nova, o "aprender a aprender".


Fonte -  O que é pedagogia / Paulo Ghiraldelli Jr. São Paulo: Brasiliense, 2006. - (Coleção primeiros passos ; 193)

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