A Diferenciação Pedagógica, Tipos e Caracterizar a Heterogeneidade dos Alunos | Só Ciência da Educação

 A diferenciação pedagógica é uma abordagem na educação que reconhece a diversidade de habilidades, interesses, estilos de aprendizagem e níveis de conhecimento dos alunos em uma sala de aula. O objetivo da diferenciação pedagógica é adaptar o ensino para atender às necessidades individuais de cada aluno, de modo a promover o aprendizado eficaz e proporcionar oportunidades iguais para todos.

A diferenciação é igualmente vista como um meio de atenuar as dificuldades dos alunos "com necessidades especiais". Assim, no Canadá, as instituições educativas bem como as coletividades e os docentes preocupam-se com estes alunos, mas integrando as problemáticas específicas numa visão mais ampla. É assim na prevenção do abandono precoce e na pedagogia diferenciada (Feyfant, 2012)

Os alunos e a diferenciação  

Os postulados de Burns são muito frequentemente utilizados para caracterizar a heterogeneidade dos alunos: 

1.  - não há dois alunos que progridam à mesma velocidade;
2.  - que estejam prontos a aprender ao mesmo tempo;
3.  - que utilizem as mesmas técnicas de estudo; 
4.  - que resolvam os problemas exatamente da mesma maneira; 
5.  - que possuam o mesmo repertório de comportamentos; 
6.  - que possuam o mesmo perfil de interesses; 
7.  - que estejam motivados para atingir os mesmos fins (de Burns, 1971).

Uma prática diferenciadora deve tomar em consideração o aluno como um indivíduo, as suas contribuições culturais, as suas representações, os seus modos de expressão, os seus problemas materiais, mas também, em termos de aprendizagem, as suas necessidades, os seus modos de compreensão.   

A compreensão das instruções é um exemplo muitas vezes retomado para explicar estas diferentes atenções ao aluno, necessárias para favorecer as suas aprendizagens. Dar instruções claras, reexplicá-las durante a atividade ou a tarefa, verificar a compreensão de todos os alunos, faz parte da panóplia de diferenciação pedagógica.   

As diferenças entre alunos não têm só a ver com as diferenças de desempenho ou a eficiência na aprendizagem. A diferenciação pode resultar de uma "difração", isto é, de uma "Incompatibilidade Relacional do estudante com a cultura escolar " (Kahn, 2010): 

ele não percebe o que é essencial nessa cultura, ou não lhe reconhece interesse, ou sente-a como uma ameaça à sua identidade juvenil.  Trata-se de saberes normativos, muito textuais, cujo teor desanima os alunos e que colidem com as suas preconceções. Imediatamente se torna difícil contrariar essa “difração” com métodos pedagógicos que, noutros contextos, “funcionam”.  

que se fazem acompanhar de práticas fundamentais do ensino centrado nas necessidades dos alunos… 

- “procurar regularmente ocasiões para travar conhecimento com os seus alunos; 

- integrar períodos de ensino a pequenos grupos nas rotinas de aula diárias ou semanais; 

- aprender a ensinar visando o sucesso; - proporcionar várias formas de aprender e de fazer prova das aprendizagens;

 - fazer regularmente avaliações informais para verificar a compreensão do aluno; - diversificar as formas de ensinar; 

 - apelar às  estratégias de leitura para o conjunto do programa de estudos; - permitir aos alunos o trabalho individual ou em pares; 

- utilizar escalas de performance claras que visem a qualidade; - cultivar o gosto pela diversidade (Tomlinson & McTighe, 2010).

 Nesta abordagem da atenção dada ao outro, os investigadores referem-se ao princípio da educabilidade universal (postura ética), à convicção de que uma manifestação nunca é totalmente independente do contexto (postura epistemológica) e à «vontade de querer contribuir para a compreensão da diversidade como um elemento constitutivo de uma cidadania democrática (postura ideológica)» (Prudhomme et al, 2011; Descampe et al., 2007)) 

O que  se pode diferenciar na Aula ?

 Quer se debrucem sobre os conceitos ou os discursos dos professores, os textos de pesquisa enunciam quatro dispositivos de diferenciação, remetendo para elementos tais como os conteúdos, as produções de alunos, as estruturas e os processos. Veremos que pôr isto em prática pode intervir em tempos diferentes, de acordo com as modalidades que sempre se devem adaptar às necessidades dos alunos (Meirieu,2000; Przesmycki, 2008; Caron, 2003; Kirouac, 2010).

Tipos de Diferenciação Pedagógica

A diferenciação pedagógica pode ser implementada de várias maneiras, levando em consideração as necessidades individuais dos alunos. Aqui estão alguns tipos de diferenciação pedagógica:

Diferenciação de Conteúdo:

Oferecer materiais de leitura ou recursos diferentes de acordo com o nível de habilidade de leitura dos alunos.

Adaptar os conteúdos, fornecendo informações adicionais para alunos que buscam desafios.

Personalizar o conteúdo para refletir os interesses e experiências individuais dos alunos.

Diferenciação de Processo:

Variar as estratégias de ensino para acomodar diferentes estilos de aprendizagem, como aulas expositivas, atividades práticas, discussões em grupo, pesquisa independente, etc.

Proporcionar instruções mais detalhadas ou apoio adicional, conforme necessário.

Oferecer oportunidades para os alunos explorarem tópicos de interesse pessoal.

Diferenciação de Produto:

Permitir que os alunos demonstrem seu aprendizado de maneira flexível, como por meio de apresentações, ensaios, projetos criativos, vídeos, entre outros.

Estabelecer critérios de avaliação adaptados às habilidades individuais dos alunos.

Encorajar projetos de pesquisa ou tarefas que permitam que os alunos escolham seu foco.

Diferenciação de Agrupamento:

Agrupar os alunos com base em suas necessidades e habilidades, permitindo que trabalhem em equipes heterogêneas ou homogêneas, conforme apropriado.

Oferecer atividades colaborativas para promover a aprendizagem entre pares, ou atividades individuais para alunos que preferem trabalhar de forma independente.

Rotacionar grupos ou parceiros regularmente para que os alunos possam se beneficiar de diferentes perspectivas.

Diferenciação de Avaliação:

Adaptar os critérios de avaliação para acomodar diferentes níveis de habilidade e aprendizado.

Utilizar uma variedade de métodos de avaliação, como testes, apresentações, portfólios, autoavaliação, entre outros.

Fornecer feedback individualizado que ajude os alunos a compreender seus pontos fortes e áreas a melhorar.

Diferenciação de Tempo:

Permitir que os alunos avancem no currículo em seu próprio ritmo, fornecendo tarefas adicionais ou recursos para aqueles que progridem mais rapidamente.

Oferecer tempo adicional ou apoio suplementar para alunos que precisam de mais tempo para dominar conceitos.

Diferenciação Socioemocional:

Considerar as necessidades emocionais e sociais dos alunos, oferecendo apoio individualizado quando necessário.

Promover um ambiente inclusivo e acolhedor que respeite a diversidade de experiências e culturas dos alunos.

Conclusão:

A diferenciação pedagógica é uma ferramenta poderosa para criar um ambiente de aprendizado onde todos os alunos têm a oportunidade de alcançar seu potencial máximo. Este artigo fornece insights valiosos sobre como implementar essa abordagem em sala de aula, promovendo a equidade e o sucesso acadêmico para todos os estudantes. Junte-se a nós nesta jornada de descoberta da diferenciação pedagógica e sua capacidade de transformar a educação. A diferenciação pedagógica é uma abordagem flexível que pode ser adaptada para atender às necessidades específicas de cada sala de aula e de seus alunos. A combinação de diferentes tipos de diferenciação pode ser eficaz para promover um aprendizado mais equitativo e individualizado.