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Titulo do livro: A jogada do seculo
Número de página: 221
A disposição de um banco de investimento de Wall Street em me pagar centenas de milhares de dólares para dar conselhos sobre investimentos a adultos permanece um mistério para mim até hoje. Eu tinha 24 anos, nenhuma experiência ou interesse especial em adivinhar quais ações ou títulos subiriam ou cairiam. A função essencial de Wall Street era alocar capital: decidir quem deve receber e quem não deve. Acredite quando digo que eu não tinha a menor ideia do que fazer. Nunca fiz curso de contabilidade, nunca administrei um negócio, nem sequer havia tido uma conta-poupança para gerenciar. Consegui um emprego no Salomon Brothers em 1985, saí de lá mais rico em 1988 e, embora tenha escrito um livro sobre a experiência, toda essa história ainda me parece ser absurda — motivo pelo qual foi tão fácil me afastar do dinheiro. Imaginei que a situação seria insustentável. Mais cedo ou mais tarde alguém descobriria que eu — e várias outras pessoas parecidas comigo — era uma fraude. Logo chegaria o Dia do Ajuste de Contas, quando Wall Street acordaria e centenas, se não milhares de jovens como eu, que não tinham condições de fazer apostas gigantescas com o dinheiro alheio ou de persuadir outras pessoas a fazer essas apostas, seriam expulsos do mundo das finanças.
Quando decidi escrever o relato de minha experiência — que virou o livro O pôquer dos mentirosos* — eu estava imbuído do espírito de um jovem que achava que poderia abandonar o jogo a qualquer momento. Eu estava simplesmente escrevendo uma mensagem e colocando-a em uma garrafa para qualquer um que passasse por essas paragens em um futuro distante. A menos que alguém com acesso a essas informações colocasse isso no papel, imaginei, nenhum ser humano acreditaria no que realmente
aconteceu.
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